quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Vem cá, amigo.


Vem cá, amigo. Isso, sem medo. Pode deitar tua cabeça no meu colo. Não te preocupes se as tuas lágrimas molharem minhas pernas, eu não me importo. Não me importo que teu nariz fique escorrendo ou que o teu rosto consiga ficar feio tamanha dor que ele exprime. Eu vou desviar os olhos quando perceber que você está constrangido ao ter feito um barulho estranho por tanto chorar. Te trago um copo d'água depois, se a gente tiver tempo. Mas vem aqui. Deixa eu te ver, deixa eu saber de ti, deixa eu te prometer que vai ficar tudo bem, mesmo que eu não acredite. Deixa eu acompanhar, deixa eu carregar um pouquinho do teu sofrimento enquanto tu choras. Se  puder, perdoe meu silêncio. É que contemplar tua angústia faz nascer outra em mim. Enquanto te observo, minha mente já percorreu o mundo tentando encontrar mãos que arranquem do teu peito essa dor e, do meu, essa covarde sensação de impotência. Talvez eu não tenha um novo amor pra te dar; é bem possível que eu não tenha grana pra te emprestar; pode ser também que eu nunca diga ao teu pai que ele precisa parar de beber, nem vá trazer de volta alguém que morreu... Mas eu vou estar aqui. Vou tentar fazer tudo certo, viu? Vou estar servindo de escudo, te protegendo do mundo enquanto tu juntas teus pedacinhos. E eu vou segurar tua mão bem forte, vou deixar que tu sintas minha pulsação vibrando na mesma frequência que a tua, pra tu saberes que ainda há vida por aqui.  Tenta dizer pra mim o nome disso que tu estás sentindo. Se não souber o nome, não se preocupe em encontrar as palavras certas, eu vou entender a tua desconexão. Se preferir, fale o quanto quiser, eu não vou te achar chato; e se achar, te conto só depois, quando a gente estiver rindo disso tudo. Pode falar mal de alguém também, eu deixo. Pode duvidar de Deus, eu não vou argumentar. Agora somos só eu e você. Eu, você e o amor que sinto, e a vontade que me toma de te ver sorrindo genuinamente. Mas eu espero. Espero teu rosto desinchar, tua respiração voltar ao normal e você voltar a acreditar. E você volta. Você sempre volta, e respira, e acredita e sorri. E é só assim que eu posso voltar também. Porque não estou contigo... Sou contigo, pelo tempo que o tempo permitir.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

"Amor inventado"

O que me provoca não sei bem, mas permita-me tentar: Talvez um afetamento afetuoso que te apodera do meu sorriso, te empossa gestor do meu ânimo e da minha obsessão por John Mayer ecoando pelo quarto quando estou sozinha. Talvez um tesão bipolar, que oscila na frequência deficiente com que te vejo. Talvez seja um fraterno sentimento que me faz querer para sempre a tua influência sobre mim e, bem por isso, por essa medida de tempo que não existe, por esse "para sempre" que teimo em desejar à tudo que é bom de sentir... Por isso, meu bem, não te quero personagem do meu amor romântico. Te quero assim, como essa entidade que traz possibilidade do meu controle, que criei do meu tamanho e, portanto, para mim, perfeito. Inventei um sentimento que te faz presente sempre que quero, mas não dói na tua ausência, ou quando outras bocas te bebem. Prefiro a gente assim, criadora e criatura, e só. A paixão estragaria tudo. A paixão faria eu me apaixonar e eu teria que perder você, porque é assim que acontece. Te amo por mim. É um amor de propósito, premeditado. Te amo porque não te quero. Tenho as ideias liquidificadas de quem ama, mas não tenho a apatia e cólera dos que sofrem. Tenho teu sorriso sincero, sem os vícios e receios que talham a verdade nos relacionamentos amorosos. Tenho a possibilidade de ousadia, que arranca o medo de você se reconhecer nessas linhas, porque confio no que sinto. Confio em você. Vez ou outra te refaço, é verdade... É que te quero bem; te quero cuidar e quero o tanto quanto tu possas me afetar. Te quero, principalmente, por esse não querer. E é assim que deixo nossa relação perto da eternidade, que não existe. Como tudo isso.