domingo, 10 de junho de 2012

"Enquanto o amor não vem"



                              Se você abriu o texto na esperança de ver uma crítica sobre o livro de Iyanla Vanzant, perdeu a viagem. Primeiro porque seria muita pretensão minha fazer uma crítica à qualquer tipo de obra. Segundo porque tenho o livro, ele me foi emprestado há alguns meses, mas eu não consegui ler. Parece bom e de grande (auto) ajuda, mas eu simplesmente, sabe-se lá porquê motivo, não consegui terminar de ler. No entanto, o título dele é algo que me atrai e faz refletir. Assim, estava eu numa dessas conversas tragicômicas com uma amiga: Lamentávamos nossa falta sorte com o amor, maldizíamos nossos ex, endeusávamos homens que não conhecemos, (sempre perfeitos esses danados inexistentes) descrevíamos as mulheres incríveis que somos – vocês ficariam impressionados com a quantidade de predicados que possuímos... na teoria (¬¬). Eis que, obviamente, a conversa rumou em direção à quantidade de coisas boas que estão por aí dando sopa, querendo acontecer se a gente der uma chance. Enfim, coisas para fazer enquanto o amor não vem. São dicas quase sempre falíveis, pois o amor pode chegar e acabar com os planos, ou então nunca vir e a lista se esgotar... Para ambas, 50% de chances de realização. Discutimos então nossas próprias considerações sobre o tema. 

                           O primeiro passo para esperar um novo amor é esquecer o velho. Podemos então começar por aí. A verdade é que todo mundo sempre vem com o mesmo discurso puído: viaje, conheça novas pessoas, divirta-se. Quando se está na fossa, tudo isso soa como um gole de coca-cola gelada e cheia de gás numa garganta ressequida – mas no fundo a gente sabe que o que mata a sede mesmo é água. Ou seja, se há sede de amor, nenhuma viagem para Itália, Índia ou Indonésia dá conta, minha gente. A conclusão que consigo chegar é: enquanto o amor não vem, prepare-se pra ele (isso o livro também diz, logo no prólogo). Mas, veja bem, preparar-se para ele, não é esperá-lo. Minha mãe já dizia: "a água não ferve se você ficar olhando pra ela". Esperar é proibido. Pensar pode. Pense nisso, sim. Se quiser encontrar alguém melhor do que aqueles que já encontrou na vida, você vai precisar ser também uma pessoa melhor. Aprenda com erros antigos. Nada de se expor em rede social quando estiver com raiva, já fiz isso e, dentre tantas outras coisas, é a que mais me arrependo. Depois de identificar quem são seus verdadeiros amigos, ouça-os. Fique perto de gente que faz bem. Entre em coma alcoólico se quiser, será bom pra você aprender a nunca mais fazer isso. Permita-se sentir. Fique triste. Fique com raiva. Deseje a morte de alguém, se preferir. Mas só por um segundo, assim Deus vai saber que você só está dizendo isso porque está chateado e é da boca pra fora... E a polícia não precisará ser acionada. Enquanto o amor não vem, duvide dele, mas não diga à ninguém. Não há nada mais patético do que alguém dizendo: "eu não acredito no amor". Ah, vá? Ranzinza desse jeito não há amor que queria chegar mesmo. Amor existe e sempre vai existir. Não culpe-o por não vir com os confetes e teatralidade que você gostaria, não culpe-o pelo seu dedo podre ou instabilidade emocional. A imperfeição do amor não anula sua desajeitada existência. Aos pouquinhos o tempo vai, com sua genialidade indiscutível, oferecendo a medida certa às coisas e às pessoas. Se você for inteligente, vai entender o recado. Se não for, ainda não está pronto para amar novamente, e talvez precise de um pouco de (auto) ajuda mesmo.