terça-feira, 31 de julho de 2012

"Fica muito bem no cinema..."


 Sou romântica. Uma ré confessa de crimes como acreditar no amor dos filmes; querer demonstrações públicas de afeto e planejar encontros que pudessem render um punhado de letras adocicadas. Não me julguem, eu juro que estou aprendendo... Consigo, por vezes, até vestir minha fantasia de mulher-moderna-independente-que-adora-ver-um-sutiã-queimando. Balela. Aprendi a ler com Machado de Assis e José de Alencar. Os vi tecendo descrições desavergonhadas, num ridículo e visceral mergulho amoroso para os quais eu lançava furtivos olhares invejosos. Como era de se esperar, aprendi à duras penas que eu não era Lucíola, nem Capitu,(embora traga os olhos de ressaca, às vezes) e não percebia meus romances como literários ou cinematográficos, ainda que, na minha histeria, eu os quisesse dramatizar. O problema é que apesar do peso das experiências, das leituras modernas, do facebook e de toda a sorte de facilidades em que fui afogada, algumas coisas não consegui mudar. Eu sei que já passei da idade, vai... É ruim principalmente porque costumo fazer dos meus desejos “ideais” maiores do que as possibilidades “reais”. Mas venho aprendendo, como eu disse, e a parte boa é que não precisei desistir de querer viver grandes histórias... Bastou apenas enxergar as minhas histórias como grandes. Entendo agora que ainda que não haja uma claquete pra finalizar cada flerte, eles todos são dignos de filmes, pois contam anonimamente as histórias de gente que só quer sentir um pouco mais. Sentir com a pele, sentir com o coração, com a cabeça... Pouco importa. É melhor que fazer guerra. Aquele beijo desajeitado, às vezes embriagado, mas cuidadoso e respeitado pode ser sim um grande beijo. Afinal, se “viver é melhor que sonhar” eu ainda não sei, mas que pode ser igualmente belo, não tenho dúvidas. Histórias de amor serão sempre histórias de amor; vezes trágicas, vezes cômicas, vezes insossas mesmo, vezes apenas histórias. Mas ainda que não aconteça nenhuma descrição desavergonhada e ridículos e viscerais mergulhos amorosos, a crítica não pode ser ruim quando se trata de um genuíno retrato da realidade. Realidade que, com um pouquinho de doçura e leveza, pode, também, se tornar digna de Oscar.