quinta-feira, 13 de junho de 2013

?!

Eu sou uma pessoa de muitas dúvidas. Pergunto-me muito e sempre o porquê das coisas. Seria uma ótima filósofa se entendesse de filosofia. Mas não; eu só sei de duvidar. No entanto, não duvido de tudo; acredito, por exemplo, nas pessoas. Acredito nos seus erros, na sua capacidade intrínseca de dissimulação e na crueldade visceral; acredito também nas suas risadas homéricas e na sua benevolência... Acredito em gente, sim. De resto, eu finjo que acredito. É que é preciso parecer normal às vezes; e estar diluído, silencioso, sem perguntas, é ingrediente da saúde mental. Vez ou outra a vida me convence e acrescenta mais um item na lista de coisas que acredito. Devo confessar que ela não tem um método muito sutil de ensino e acaba não sendo clara. Mas eu entendo, eu quase sempre entendo o recado. Hoje, por exemplo, entendi que os momentos mais difíceis que me aconteceram, os caminhos mais duvidosos e tortos que percorri, foram aqueles em que as ausências de fé e gratidão estiveram presentes. Ter fé é absolutamente preciso. Eu que duvido tanto, tive que engolir que as ocasiões em que acreditei mais (em Deus, no cosmos, no mundo, no destino) foram as mais leves da caminhada e, querendo ou não, me trouxeram as coisas e pessoas pelas quais devo ser grata. Talvez o que me falte seja a compreensão primeira de que ter fé não é uma simples espera confortável e passiva, mas o aceite de que minha humana pequenez não permite o controle do todo. E às vezes, só às vezes, é redentor jogar a vida no colo de outrem que saiba o que fazer quando eu já não sei mais, nesse difícil trânsito entre a responsabilidade e a humildade. Duvidar é preciso, mas acreditar é dar crédito à vida, é crer que, apesar dos muitos planos que eu tenho pra ela, há muitos que ela tem pra mim também – melhores.