Sou romântica. Uma ré
confessa de crimes como acreditar no amor dos filmes; querer demonstrações
públicas de afeto e planejar encontros que pudessem render um punhado de letras
adocicadas. Não me julguem, eu juro que estou aprendendo... Consigo, por vezes,
até vestir minha fantasia de mulher-moderna-independente-que-adora-ver-um-sutiã-queimando.
Balela. Aprendi a ler com Machado de Assis e José de Alencar. Os vi tecendo
descrições desavergonhadas, num ridículo e visceral mergulho amoroso para os
quais eu lançava furtivos olhares invejosos. Como era de se esperar, aprendi à
duras penas que eu não era Lucíola, nem Capitu,(embora traga os olhos de
ressaca, às vezes) e não percebia meus romances como literários ou cinematográficos,
ainda que, na minha histeria, eu os quisesse dramatizar. O problema é que
apesar do peso das experiências, das leituras modernas, do facebook e de toda a
sorte de facilidades em que fui afogada, algumas coisas não consegui mudar. Eu
sei que já passei da idade, vai... É ruim principalmente porque costumo
fazer dos meus desejos “ideais” maiores do que as possibilidades “reais”. Mas
venho aprendendo, como eu disse, e a parte boa é que não precisei desistir de
querer viver grandes histórias... Bastou apenas enxergar as minhas histórias
como grandes. Entendo agora que ainda que não haja uma claquete pra finalizar
cada flerte, eles todos são dignos de filmes, pois contam anonimamente as
histórias de gente que só quer sentir um pouco mais. Sentir com a pele, sentir
com o coração, com a cabeça... Pouco importa. É melhor que fazer guerra. Aquele
beijo desajeitado, às vezes embriagado, mas cuidadoso e respeitado pode ser sim
um grande beijo. Afinal, se “viver é melhor que sonhar” eu ainda não sei, mas
que pode ser igualmente belo, não tenho dúvidas. Histórias de amor serão sempre
histórias de amor; vezes trágicas, vezes cômicas, vezes insossas mesmo, vezes
apenas histórias. Mas ainda que não aconteça nenhuma descrição desavergonhada e
ridículos e viscerais mergulhos amorosos, a crítica não pode ser ruim quando
se trata de um genuíno retrato da realidade. Realidade que, com um pouquinho de
doçura e leveza, pode, também, se tornar digna de Oscar.