Vai fazer três meses que você disse que me amava. Eu queria que fizesse só um dia. Porque quando fazia só um dia eu ainda acreditava. Era bom acreditar porque é disso que a vida é feita: de créditos.
Esses três meses duraram muito tempo. Tanto que quase já não lembro do som da tua risada. São doze domingos em que eu poderia ter deixado minha cabeça apoiada entre a tua axila e teu peito. Três meses que eu deixei de impregnar tua camiseta puída com o cheiro do teu próprio sabonete, porque eu nunca usei perfume aí. A lua já mudou de lugar tantas vezes e a Terra já rodopiou por noventa longos dias. A primavera foi embora e outro verão já veio se exibir.
Mas só faz três meses, porque teu nome ainda é feito tinta fresca, que mancha todo meu texto. Faz tão pouco e eu já não tenho medo de você se ler por aqui - não temos mais tempo pra isso. Eu tinha tanto pra me repetir, tanto pra te dizer de novo, mas não quero mais perder o tempo contigo.
Logo farão quatro meses e tantos mais que devam vir. Eu vou fazer as pazes com as horas, não importa o que eu faça, o tempo só passa pra gente poder ir.