domingo, 28 de abril de 2013

Gente.


Às vezes não sobra muito mesmo. Mas, no fundo, sempre tem alguma coisa. Sempre tem um fiapo, um cheiro impregnado na ponta dos dedos, quando se abraça o pescoço. Sempre sobra aquele olhar que sobreviveu aos três segundos, e pode fazer com que aquele rosto seja um dia reconhecido. Sobra um sorriso meio sem querer, um “desculpa” depois do esbarrão... Sobra um toque descuidado e despercebido, não tem jeito... Sempre sobra um restinho de gente na gente. Restinhos que vão se acomodando, como tijolos na nossa construção. Aumentando o espaço, o gosto de gente, o gosto por gente. Gente de todo jeito, que vem e logo vai, que foi sem nunca ter vindo; gente que te enrola e você fica querendo; gente que te adora e você vai perdendo; gente que dura um segundo e vale muito; gente que dura uma vida inteira e custa caro; gente que nem sabe o tamanho que ocupa em você; gente que nunca vai saber... Gente que você já esqueceu; gente que você perdeu; gente que te queria perto e você nem percebeu; tem gente que vai e te leva; tem gente que você carrega e pesa; tem gente que some e você agradece; gente pra quem você faria uma prece... Gente que te faz, e gente que te desfaz; gente que nunca mais vai fazer; mas fez.

Gonzaguinha já disse o que eu queria dizer, em melhores palavras e final: “[...] aprendi que se depende sempre de tanta, muita, diferente gente; toda pessoa sempre é as marcas das lições diárias de outras tantas pessoas, e é tão bonito quando a gente entende que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá; e é tão bonito quando a gente sente que nunca está sozinho por mais que pense estar [...]”.

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