quarta-feira, 31 de julho de 2013

Sorria, meu bem, sorria.


Essas linhas são sobre o teu sorriso... E eu lamento. Lamento porque sorriso é coisa boba, é coisa que todo mundo fala e admira. Queria manter meu mau hábito de enxergar beleza no que é estranho; eu queria admirar, por acaso, um antebraço teu - ou qualquer outra coisa que passasse despercebida feito um antebraço. Mas não, caí no limbo do senso comum e fui absorvida pelo teu sorriso. Eu não vim pra falar do quanto ele é lindo; ele até é. É lindo, mas eu nem sei se teus dentes são simétricos ou de um branco cor de luz de hospital. Se bem me lembro, teu lábio inferior tem até uma pelezinha que deixa ele um tiquinho torto, cobrindo com incompetência parte dos dentes... Mas não importa, não é a forma dele que me embasbaca. Fui pega pelo teu sorriso porque ele te faz outro. É um sorriso grávido, pois há outra pessoa nele. Eu te conheço muitos e gosto de quase todos. Quase. E é desse quase que teu sorriso dá conta, porque é um sorriso soda cáustica, que corrói tudo e deixa só o sorriso, o sorriso daquele você que eu gosto. Às vezes o assunto é sério e, de repente, você sorri e engole tudo e cospe arco-íris e eu já nem lembro mais. Você todo some, fica só o sorriso. Eu queria o antebraço, mas é o sorriso. Por uma coincidência marota e clichê é essa arma que tens talhada na cara que mais me exaspera. Tem aqueles vincos que se formam ao redor dos teus olhos, que eu também já reparei. Mas os encaro mais como setas que apontam um olhar que também sabe sorrir, do que a denúncia de um tempo que insiste em chegar. Tudo isso é figura fundo pra esse astro feito de pequenos ossos que chama atenção feito a fratura exposta que é; que expõe você da maneira romântica que só a música saberia fazer, que expõe você no espasmo de fé que parece esconder, mas que se revela na luz da tua saliva quando os lábios deixam os dentes molhados e nus. Quando você ri, eu encontro o que você perdeu. Devolvo quando puder.

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