domingo, 25 de março de 2012

Sobre a outra ressurreição.



Quando Deus criou a mulher, ficou com peninha do homem. E aí, como prêmio de consolação, ofereceu aos rapazes uma dádiva que Ele havia permitido somente à Jesus e Lázaro: o poder da ressurreição! Eles só não sobem aos céus porque tudo tem limite, mas que ressuscitam, ah ressuscitam! Nem sempre é no terceiro dia; às vezes leva anos, mas isso depende de como foi a morte. Se a mulher o matou, ele demora mais, mas, se foi um suicídio, a ressurreição é mais rápida. Independente do tempo, há um pré requisito básico para um morto ressurgir das cinzas: a mulher parecer livre. Se tem uma coisa que faz qualquer caboclo saracotear no túmulo é perceber que ele não é mais tão importante quanto um dia foi. E assim, “volta o cão arrependido, com suas orelhas tão fartas, com seu osso roído e com o rabo entre as patas”... As mulheres, que de bobas não têm nada - e sim tudo - vão logo vestindo seus óculos de lentes cor-de-rosa, achando que o cosmos conspirou a favor do seu grande, puro e eterno amor e, enfim, tudo ficará bem.
Se tem uma coisa que mulher sabe fazer é perdoar. A habilidade de perdão das moças é como o Zorra Total, BBB ou a auto-estima elevada do Romário: ruim e eterna. São raras (e admiráveis) as exceções. Acho que foi isso: Deus deu a ressurreição aos homens, e a divina capacidade de perdoar às mulheres. “Má” que bela sacanagem, hein? Vida eterna, nem pensar? Enfim... O fato é que temos o péssimo hábito de acreditar em quase tudo que nos falam - aliás, o comportamento feminino rende pauta pra muitos outros textos - ; e uma ressurreição em nossas vidas merece tanta atenção quanto mereceu aquela da bíblia - pelo menos por algumas horas - . Só é preciso cuidado porque, na maioria das vezes, esse zumbi só está interessado em comer mesmo, e não é o nosso cérebro.
Se eu sei o que fazer? Se eu tenho dicas às mulheres ou mesmo aos homens? Bulhufas! Eu não me atreveria a fingir saber. Mortos que voltam à vida são casos complexos que devem ser cuidadosamente estudados... Ou não. Conheço gente que comemora muitas Páscoas no ano, e outros que também as lamentam; para todos os casos, o chocolate é bem-vindo. Às vezes fechar bem a tumba é garantia de levar menos sustos; Às vezes deixá-la semi aberta garante boas surpresas; outras a gente precisa saber avaliar se o morto está mais para Jesus ou Barrabás; E ainda há aquelas vezes em que dar uma de Pôncio Pilatos e jogar a vida no colo do destino é a melhor saída, porque, afinal, se ninguém sabe o dia da morte de alguém, quem dirá da ressurreição?

segunda-feira, 19 de março de 2012

Ressaca Imoral





Entrar na garrafa! Tem gente que só sai de lá quando algum policial e/ou médico resolve tirar.  E a pergunta que não quer calar é: Por quê? Sejamos honestos, ninguém aprecia o sabor do álcool logo de cara, se hoje você bebe por prazer é porque começou com a necessidade de beber; no entanto, seu primeiro gole foi ruim, admita. Depois que o paladar foi se acostumando e as conversas ficaram melhores, o conjunto ficou bom. Mas se você bebe só pelo gosto da bebida, abra o café da manhã com uma garrafa de 51 e depois vá para a  reunião do AA.

Normalmente bebe-se pra relaxar, pra reunir, mas, principalmente porque você fica lindo, engraçado e rico – ou pelo menos é o que você acha – quando seu fígado não dá conta e o álcool vaza para a corrente sanguínea. São três adjetivos que, normalmente, sob o efeito do seu superego, (e da realidade) você não tem! Primeiro você fica desinibido, se achando o garanhão da madrugada, aquela garota que sempre quis finalmente se torna acessível... Até ela desmaiar com o seu hálito e ficar tão próxima quanto a lua. Aí vem a euforia e você se torna um exímio dançarino! Ninguém é páreo pra tanta sensualidade e desenvoltura; você parece ter despencado do Dirty Dancing e Patrick Swayze estaria se revirando no túmulo se pudesse ver tal performance. Se não fossem esses dois pés esquerdos e essa flexibilidade digna de um paralelepípedo, a dança dos famosos seria sua! (Vide youtube, certamente seus amigos já colocaram alguma coisa lá). Eis que algo dentro de você muda (e eu nem estou falando das náuseas ainda), e se sente mais esquecido que o engov do “antes”. É chegado o último estágio antes do coma: o humor deprimido. Ou seja, o chamado momento “te considero pra c*”. Você parece um paciente terminal, tamanha necessidade dizer à todos o quanto os ama (pausa pra reler o cacófato); chora feito um bebê e é nesse instante, nesse fatídico instante que, num ato de extrema inteligência, só que ao contrário, você liga pra sua ex... Por que ao invés de fazer aquela maldita ligação, você não jogou o aparelho num aquário? Teria sido menos insano!
Tudo isso acontece numa rapidez de fazer inveja a qualquer bipolar. E isso sim é um problema! Porque não basta seu estômago estar revirando, não basta sua cabeça parecer estar em obras, não basta aquele hematoma que você não sabe de onde surgiu! É preciso morrer de vergonha! É preciso querer voltar no tempo, ser abduzido por extraterrestres, mudar de cidade, usar o dispositivo dos Homens de Preto e torcer pra que todos tenham bebido tanto quanto você. Ressaca moral é tão ruim que deveria ser chamada de imoral.
   O álcool tem o poder de desligar o botãozinho do nosso superego, aquele que é responsável pelos nossos valores morais e éticos, aquele que nos impede de enfiar a mão na cara daquela vaca, quando todos os músculos do corpo estão querendo fazer isso. Assim, tudo aquilo que aprendemos a vida toda, que nossos pais fizeram um esforço danado pra colocar na nossa cabeça, está lá, diluído no copo ou do vaso sanitário da casa daquele desconhecido.
  Pra fechar o time, vem a ressaca financeira. Chegou a fatura do cartão, fujam para as montanhas! Isso tudo não é privilégio masculino, não. As mulheres passam pelos mesmos estágios, a diferença é que na hora da dança nos sentimos numa competição de pole dance. Mas não se preocupem, ninguém está sozinho nessa, o importante é não desistir de prometer: “eu nunca mais vou beber”...Pelo menos até o próximo final de semana. Por via das dúvidas, leve sempre um aquário com você. ;)


p.s: Quem bebe e dirige é idiota. ;*

domingo, 18 de março de 2012

Blog pra quê?


Bom… Hum… Então... É agora que eu começo a escrever, certo? Nem sei por que eu inventei essa história de blog. A verdade é que eu não sei escrever. Quer dizer, sei juntar as letras, as sílabas, mas escorrego na ortografia e meu pecado maior é na sintaxe. Afinal, fazer sentido não é minha especialidade. Sentir, sim. Fazer sentido, não. E foi assim que caí no primeiro vão: – Por que não um Vlog? Blog’s não estão com nada. -  Disse a minha amiga (como se alguém que tem o apelido de Lulu fosse digna de alguma credibilidade). Quase pude sentir a fusão da água dela no meu chope. - Simples: prefiro os blog’s pelo mesmo motivo que prefiro os livros aos filmes. Ler permite imaginar, permite que eu conheça a morfologia das palavras e, sinceramente, não fico bem no vídeo. A minha voz também não é algo que atrairia muitas pessoas. Ela se compara ao som do Anderson Silva cantando “Ai, se eu te pego” bêbado, ou algo equivalente à “muito ruim”. - Um blog sobre o que, criatura? – Não contente, ela insistiu, querendo me enfiar a sintaxe goela abaixo. – Um blog sobre tudo? - Pensei. Reconsiderei: - Um blog sobre nada. O tudo está por aí, se exibindo pela rede, sacudindo sua soberba. E seria muita pretensão minha, dizer que é um Blog sobre TUDO. Tudo é coisa demais, e eu nem sei tanta coisa assim. Lamento a decepção, mas a ideia inicial é fazer desse espaço um simples depósito. É que às vezes eu já não sei mais onde acomodar tantas palavras. Elas são bem pequenas, simples, quase pobres, mas ainda assim são muitas. Por que eu não as guardo humildemente no meu Personal Computer? Porque eu preciso me salvar! Preciso salvar essas coitadas e indefesas palavras que sumirão dentro de mim se eu continuar me contaminando com facebook e toda cultura inútil da qual tenho sido hospedeira. Publicar é se responsabilizar pelo que diz (ainda que minha mãe seja minha única leitora, assim que eu a ensinar a ligar o computador e, principalmente, a coordenar os movimentos do cursor do mouse, sem mouse). Publicar vai me obrigar a ler mais, a estudar mais... Ou vocês (digo, você, mãe) acha que não tenho vergonha na cara? Escrever é grave! É um baita de um atrevimento! Sei que é também um ato egoísta e que ninguém esteja interessado no que eu tenho a dizer, mas é um ato que me salva do emburrecimento e isso já faz valer estas “mal traçadas linhas”. E cá entre nós, eu podia tá robano, eu podia tá matano, mas eu estou aqui, só me despindo um tiquinho. Já me pediram tantas vezes pra fazer isso (despir, não escrever) que resolvi fazer... Só que do meu jeito, claro. Olha quem quiser, né? Pode ter um defeito aqui, outro acolá, mas quem sabe não valha a pena? ;)