Vem cá, amigo. Isso, sem medo. Pode deitar tua cabeça no meu colo. Não te preocupes se as tuas lágrimas
molharem minhas pernas, eu não me importo. Não me importo que teu nariz fique
escorrendo ou que o teu rosto consiga ficar feio tamanha dor que ele exprime.
Eu vou desviar os olhos quando perceber que você está constrangido ao ter
feito um barulho estranho por tanto chorar. Te trago um copo d'água depois, se a gente tiver tempo. Mas vem aqui. Deixa eu te ver, deixa eu saber de ti, deixa eu
te prometer que vai ficar tudo bem, mesmo que eu não acredite. Deixa eu acompanhar, deixa eu carregar um
pouquinho do teu sofrimento enquanto tu choras. Se puder, perdoe meu
silêncio. É que contemplar tua angústia faz nascer outra em mim. Enquanto te
observo, minha mente já percorreu o mundo tentando encontrar mãos que arranquem
do teu peito essa dor e, do meu, essa covarde sensação de impotência. Talvez eu
não tenha um novo amor pra te dar; é bem possível que eu não tenha grana pra te
emprestar; pode ser também que eu nunca diga ao teu pai que ele precisa parar
de beber, nem vá trazer de volta alguém que morreu... Mas eu vou estar aqui. Vou tentar fazer tudo certo, viu? Vou estar servindo de escudo, te protegendo do mundo enquanto tu juntas teus pedacinhos.
E eu vou segurar tua mão bem forte, vou deixar que tu sintas minha pulsação
vibrando na mesma frequência que a tua, pra tu saberes que ainda há vida por
aqui. Tenta dizer pra mim o nome disso que tu estás sentindo. Se não
souber o nome, não se preocupe em encontrar as palavras certas, eu vou entender
a tua desconexão. Se preferir, fale o quanto quiser, eu não vou te achar chato; e se achar,
te conto só depois, quando a gente estiver rindo disso tudo. Pode falar mal de
alguém também, eu deixo. Pode duvidar de Deus, eu não vou argumentar. Agora
somos só eu e você. Eu, você e o amor que sinto, e a vontade que me toma de te
ver sorrindo genuinamente. Mas eu espero. Espero teu rosto desinchar, tua
respiração voltar ao normal e você voltar a acreditar. E você volta. Você
sempre volta, e respira, e acredita e sorri. E é só assim que eu posso voltar
também. Porque não estou contigo... Sou contigo, pelo tempo que o tempo permitir.
Não me faz chorar, galega...
ResponderExcluirVou ler sempre quando te precisar por perto, sua linda! LuPavei
ResponderExcluirPodes ser pra mim, quando eu precisar?
ResponderExcluirAmei!!! Texto incrível, emocionante!!! <3 Nani
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