Eu sentei na beira-mar e fixei meus olhos cansados no
horizonte. Eu sabia que ele estava ali. Eu sabia que ele viria. Já dava para
ver a ponta das nuvens mais luminosas, premeditando o evento. Eu queria
tanto... Já fazia tanto tempo que aquilo não me acontecia. E era tão bom... No
fundo, penso que ele também me queria ali. São poucas as pessoas que o vêem
daquele jeito. Eu queria vê-lo tal qual ele quisesse ser visto. Eu o aceitaria
como se mostrasse. E só aquele ato de confiança, o ato de enxergar, sem medo,
mesmo que ele pudesse ofuscar, mesmo que não correspondesse às expectativas, só
aquele ato, já era impregnado de um afeto que me lembro poucas vezes de ter
sentido. Mas os minutos foram cruéis e longos e muitos. E, em cascata,
trouxeram uma apatia que tomou o lugar do ânimo. O sono me acometeu. Eu não entendi
o porquê da sua demora, ainda que pudesse imaginar os motivos da ausência de explicações.
Eu o queria muito, mas meu corpo exausto, que já vive em guerras com a minha
mente, mandou-me ir. E eu fui. O caminho me distraiu, reparei nas pedras, nas
plantas, no calçamento. Também eram belos e cumpriram seu papel. Deve ter sido
a mesma distração que ele teve com as nuvens, com o outro lado do hemisfério ou
qualquer outro motivo que construiu o atraso. Nos demos as costas. Quando cheguei
em casa, finalmente pude enxergá-lo enfiando seus feixes de luz pela janela. Já
não adiantava mais. Estávamos em direções opostas agora... Eu talvez fique
sempre na esperança de vê-lo chegar. E ele talvez fique sempre na esperança de
me ver na beira-mar, esperando. Poderia mesmo ter sido um encontro
interessante. Mas não foi. Se ainda fizer sentido, qualquer dia desses, quem
sabe.
nuss... sem palavras...
ResponderExcluirOi Josi, não sabia desse teu dom #amei mto!!
ResponderExcluirParabéns!
Oi Clá! Saudade de ti! Obrigada! Será sempre bem-vinda pelas bandas de cá. ;) Beijão
Excluir