Ele me chama de moça dos pores do sol. E quem não gosta de ser associado ao Sol? Logo eu, leonina que sou. Eu coloquei um girassol no lugar do teu cinzeiro e escondi os cigarros que você insistia em usar pra se machucar. Imagino que você já tenha encontrado todos eles, e se machucado outras tantas depois disso. Da última vez que vi teu espaço cinza, o girassol tinha morrido. Eu sei que você tentou... Mas talvez as coisas morram mesmo quando se aproximam de ti. Aconteceu comigo...Entendo o girassol. Deve ser essa nuvem tempestuosa que tu coloca em cima da tua cabeça sempre, que afoga toda vida em redor, do mesmo jeito que tu te afoga, todos os dias, beijando as garrafas e bordas de copos nos bares da nossa cidade. Sim, eu sei, já disse, eu sei que você tentou... Não precisa se desculpar. Agora eu to ouvindo ele me chamar de moça dos pores do sol e percebo que você tinha razão... É mais bonito ouvir alguém dizer isso de graça. Se você tivesse dito, eu saberia que não era você... Porque você não é solar. Você é tempestade que faz barulho e desabriga, é chuva fina e molhada, que entristece e deixa com frio. Eu e o girassol sabemos disso. Desculpa ter saído sem avisar, mas você sabe que eu não sei nadar. Há mais sol aonde eu estou agora. Eu me sinto mais quente aqui. Preciso ficar neste lugar. Não consigo te ver desta distância, mas prometo torcer pro teu verão chegar.
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